Esse é um reconhecimento que possibilita preservar, valorizar e compreender o universo das violas, um ato muito importante para os músicos e o povo brasileiro. E você não pode deixar de conferir esse belo artigo do reconhecimento da viola como patrimônio cultural que está fazendo um marco na história. Confira!!
O conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) aprovou o Registro dos Saberes, Linguagens e Expressões Musicais da Viola em Minas Gerais como Patrimônio cultural imaterial. Devido aos seus valores históricos, socioculturais e identitário para o estado, a preservação desses elementos tem uma grande importância para o estado. O reconhecimento possibilita valorizar e compreender o universo das violas. Saiba mais agora, vamos lá.
Minas Gerais Reconhece Viola como Patrimônio Cultural do Estado
O secretario de Estado da Cultura Ângelo Oswaldo foi quem destacou a importância desse registro, que vê no trabalho das equipes de Iepha-MG mais uma contribuição relevante para salvaguarda do patrimônio imaterial mineiro.
Para a presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, os toques da viola ajuda a conhecer e reconhecer as diferentes Minas Gerais, crença e valores, com suas variadas regiões, ao que sintetiza a essência do estado ao se fazer presente nos mais diversos contextos.
A diretora de Proteção e Memória do Instituto, Françoise Jeans, ressalta que “a música da viola possui uma capacidade de imobilização de sentimento, de ativação de memórias, de criação de conexão entre o mundo rural com a moderna metrópole, entre tempos passados e o presente, entre pais e filhos, entre a cultura profana e as expressões do sagrado”.
Além do mais, Françoise acrescenta ainda que o ritmo da viola, ao assumir a função de mediadora de sentidos, apresenta claro valor de identidade e de memória para sociedade mineira.
Mas antes de ser considerada um Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, foi realizada pesquisas e um seminário, afim de conhecer mais sobre o universo da viola e a sua importância em Minas Gerais. Veja abaixo.
Seminário
O seminário “Violas: modos de fazer e tocar em Minas” foi realizado pelo lepha-MG em maio de 2017. Reuniram pesquisadores, violeiros tradicionais e pessoas que trabalham no tema, para um grande debate durante dois dias no auditório BDMG Cultural.
O seminário foi fundamental para delinear que o registro seria sobre os modos de fazer do universo da viola, suas linguagem e expressões musicais. Dos saberes, foram considerados tanto a preservação do conhecimento de tocar como o de fabricar a viola. Das linguagens, o código compartilhado das afinações e ritmos. E das expressões músicas, todas aquelas que a viola está presente.
Resultado do Cadastro
No site da Iepha-MG foi disponibilizado uma plataforma de cadastro, a qual foram cadastrados mais de 1.350 violeiros e 90 fazedores de viola. Para fins das analises, foram considerados os cadastros realizados até o mês de janeiro de 2018 e novos cadastros continuaram a ser recebidos.
Após obter varias respostas de cadastro e pesquisas de campo em várias regiões de Minas, foi feito um mapeamento dos fazedores e violeiros, identificando os muitos aspectos relativos às suas formas de tocar e fazer a viola, além de um inventario das expressões e celebrações culturais que tem a viola como um dos elementos estruturantes.
Após essa analise, pode se perceber que em Minas gerais existe mais de 30 ritmos diferentes, e a maioria pertence ao universo de ritmos da chamada “música caipira”, com destaque para o pagode.
Alguns violeiros também apontaram outros ritmos como o congado, folia, batuque, catira, cururu, lundu e chula, que se refere as bases rítmicas das expressões culturais correspondentes. Os tocadores também apontaram ritmos mais comum no Norte de Minas, mais conhecidos como toques, tais como inhuma, ludovina, lundu e onça.
Quanto à distribuição de violeiros no Estado de Minas Gerais, em termos de porcentagens se encontra a seguinte forma:
Na primeira posição onde se encontra a maioria dos violeiros é ocupada pela região do Sul/Sudoeste de Minas e do Triângulo Mineiro/Alto Paraíba, ambos com 21%.
Em seguida tem as Regiões Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH (19%), a Zona da Mata (8%) e o Norte de Minas, a Central Mineira e o Campo das Vertentes cada uma com 6%. As demais regiões, mesorregiões apresentaram um número consideravelmente menor de cadastros: Oeste de Minas e Jequitinhonha (4%), Vale do Rio Doce (3%), noroeste de Minas (2%) e Vale do Mucuri (1%).
O resultado do mapeamento realizado pela Iepha-MG contribuiu para instrução do processo de Registro dos Saberes, Linguagem e Expressões Musicais da viola em Minas Gerais. Com esse estudo, conseguiu-se demonstrar a presença significativa das violas nas principais expressões culturais de Minas Gerais, dentre elas a Folia de Reis, bem cultural imaterial, também registrado pela Iepha-MG.