De letra simples, Romaria, que faz referência ao caipira e ao romeiro, se tornou muito popular por homenagear Nossa Senhora Aparecida, e é cantada pelo público nos shows, pelos fiéis na missa, por estudantes, crianças, pelo povão… passando uma mensagem de fé e de amor. Por isso, não deixe de aprender a tocar “Romaria” e conhecer um pouco mais sobre a história dessa bela canção. Confira!
Aprenda a Tocar Romaria
É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó, de gibeira o jiló
Dessa vida cumprida a solSou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vidaO meu pai foi peão, minha mãe, solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
Em busca de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca viSou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vidaMe disseram, porém, que eu viesse aqui
Pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olharSou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
História da Música Romaria
Renato Teixeira, considerado um dos maiores compositores da história da música brasileira, não imaginava que “Romaria” viraria um hino, uma canção tão popular. Inspirado pela basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo, escreveu a canção baseada nos romeiros, que vai para Aparecida, cheios de fé, esperança, gratidão, para pedir bênçãos, pagar promessas…
Mas é também um pouco da história do povo brasileiro, que apesar dos seus sonhos ou decepções, sempre reza e muitas vezes percebe que não sabe rezar, já não tem muitas forças, mas a determinação é tanta, o sufoco é tanto, o milagre se faz tão necessário, que só olhando já se sente rezando, relata o autor.
Na entrevista ao Globo Rural, Renato conta que quando compôs Romaria gostava de sentar no chão para ficar escrevendo. Com violão no peito para encontrar os acordes, foi anotando partes da letra num caderno. Ambas, letra e música, foram surgindo ao mesmo tempo. Com algumas horas de tentativas e correção, a canção ficou pronta. Ou quase. Na época, Renato não tinha gravador para registrar a canção e então, gravou a música na cabeça.
A letra que é feita com recursos poéticos e tem até palavras que não estão no dicionário, estava terminando assim: “Como não sei rezar, só queria mostrar meu olhar…”. Mas Renato buscava mais duas palavras, duas ideias, para completar o verso: “Só queria mostrar meu olhar”, mais isso, mais aquilo.
Porém as palavras não vinham e resolveu deixar para depois. A mensagem que queria passar era aquela mesmo, estava ali. As duas palavras faltantes, a qualquer momento, surgiriam, e tudo bem.
Na parte da composição “Sou caipira Pirapora”, Renato usou um jogo de palavras, mas também fez referência à cidade de Pirapora do Bom Jesus, região metropolitana de São Paulo, devido ao seu significado religioso e por ser uma cidade forte dentro da cultura caipira. A cidade é um ponto de recepção dos romeiros, com uma sequência de escultura de bronze com cenas de romaria feita por pessoas da cidade com orientação do escultor Murilo Sá Toledo.
Na estrofe final, o romeiro sai da sua casa e chega a Aparecida, muitas vezes com nada mais que seu encantamento e sua fé, além do seu olhar.
A primeira pessoa a ouvir “Romaria” foi o produtor musical Marcus Pereira. Perito em descobrir joias, o produtor ouviu Renato cantar “Romaria” sentado, de costas, com a mão no rosto. Ao fim, Renato ansiava pelo que ele ia dizer. Não disse nada. Estava chorando. Sufocando soluços, balbuciou: “Você, Renato, fez uma coisa forte. Cuide bem dela. ”
Então, depois da reação tão positiva de Marcus Pereira, Renato passou a mostrar “Romaria” para músicos e pessoas mais próximas: ao chegar ao final, deixava aquela solução provisória de repetir “meu olhar, meu olhar, meu olhar”.
Quem ouvia gostava: uns discutiam alguma coisa da letra ou da melodia – conforme a especialidade –, mas, para todos, a música estava pronta. Ninguém reclamou que a frase final estivesse solta ou que faltasse alguma coisa. O próprio Renato foi vendo que aquele final era forte e tinha até um quê de mistério, que parecia intencional. Foi deixando…
Renato procurou por três anos que gravasse Romaria. Uns diziam que não tinham gostado muito, outros se sentiam incomodados para assumir aquela coisa de “sou caipira, Pirapora nossa”. Afinal, até então a cultura caipira não era bem vista.
Renato já tinha mandado antes músicas para Elis Regina, sem retorno. Mas desta vez, foi pessoalmente, com indicação da agência onde trabalhara e que agora atuava para Elis. A cantora resolveu gravar “Romaria” imediatamente.
Assim, Romaria fez parte do disco “Elis”, da cantora Elis Regina, em 1977, tornando a música e o compositor Renato Teixeira conhecido. Na voz de Elis Regina, a música mostrou força e lançou um olhar renovado sobre a música da cultura caipira, mostrando que não estava desgastada e superada.
Atualmente, “Romaria” está entre as 30 músicas mais gravadas em todos os tempos no Brasil, junto com “Aquarela do Brasil” e “Garota de Ipanema”. Assim, a canção é uma das que tem mais regravações em toda a história da música brasileira, com mais de cem regravações com nomes importantes da nossa música, como Chitãozinho e Xororó, Ivete Sangalo, Maria Rita e até um grupo de rock, o Doctor Rock.
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